Protestos contra Belo Monte aconteceram também em São Paulo e Minas Gerais

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Enquanto centenas de indígenas e ribeirinhos da Bacia do Xingu se encontraram em Brasília para protestar contra Belo Monte no dia 8 de fevereiro, ativistas paulistas e mineiros foram às ruas para prestar solidariedade aos povos do Xingu na luta contra a usina.

Em São Paulo, um pequeno grupo com as caras pintadas se reuniu no vão livre do MASP e “sambou” em plena avenida Paulista ao som de maracas e flauta. Através de um megafone comprado com seus próprios recursos, as palavras de ordem eram emitidas apesar do cansaço. O povo passava e a polícia olhava.

De acordo com os ativistas Carol Helena e Paulo Sanda, alguns transeuntes ignoravam, outros criticavam e outros, ainda que poucos, indagavam. “Para nossa felicidade pudemos esclarecer e motivar algumas pessoas. Mil folhetos foram distribuídos”, conta Paulo, mas lamenta: “a maioria da população paulistana está totalmente alheia ao drama Belo Monte. Poucos sabem que esta usina abre as portas para outros mega projetos de hidroelétricas na nossa floresta amazônica, que não existem dados concretos sobre o impacto ambiental, não há real noção do custo final desta obra, que sua congenere usina hidroelétrica de Balbina é um desastre!”

Um grupo de estudantes do Sesi, no entanto, se interessou e participou por algum tempo do protesto. “Não podiam ficar mais pois tinham que ir a escola; mas estes sim se mobilizaram, têm vontade de se comprometer”, diz Paulo. Por e-mail, Carol garantiu ao Movimento Xingu Vivo para Sempre: “Envio uma mensagem: vocês não estão sozinhos e em breve seremos muito maiores! Belo Monte nunca!”.

Norte de Minas disse não à Belo Monte
Esta foi a posição dos representantes dos movimentos sociais que organizaram um protesto na praça Dr. Carlos em Montes Claros. Eles manifestaram apoio aos Povos do Xingu – indígenas, ribeirinhos e atingidos por barragens – que vem lutando contra a instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.  A região Norte de Minas prestou esta solidariedade através de lideranças de comunidades tradicionais, de entidades ambientalistas, sindicais, pastorais, estudantis, eclesiais e de luta pela terra.

Braulino Caetano dos Santos, coordenador da Rede Cerrado, já visitou o território indígena do Xingu: “Eles mantém a tradição de seus ancestrais. Quando nasce uma criança, eles plantam 50 pés de pequi, pra que aquela criança tenha o que comer quando crescer. Lá  têm uma das maiores reservas ambientais do Brasil” relata Braulino, que ainda denuncia a ação do sistema capitalista nos territórios dos povos tradicionais.

“Todas as comunidades tradicionais tem sofrido a ação do capitalismo selvagem. Aqui no Norte de Minas as comunidades geraizeiras, que vivem na região da Serra do Espinhaço, no Alto Rio Pardo, enfrentam um problema parecido: são encurralados pela monocultura do eucalipto, e agora pela mineração que pode destruir o que resta de suas águas. Temos também os quilombolas encurralados pelo gado, os vazanteiros expulsos de suas terras para a criação de parques, os índios Xakriabá com a ameaça de uma rodovia em seu território tradicional, e por aí vai. Ao redor de Montes Claros tem as cascalheiras, que ameaçam as três nascentes que abastecem a cidade”, relata Braulino.

Para Bruno Diogo, do MST, é preciso explicitar o modelo de desenvolvimento que queremos. “É o momento de dizermos um basta à ação do agronegócio, à degradação ambiental, a expulsão dos povos e comunidades de seus territórios tradicionais. Queremos um desenvolvimento que respeite o meio ambiente, que leve em conta a sustentabilidade” reforça.

Aliança campo e cidade
Representantes dos movimentos estudantis e eclesiais também participaram do Ato. Flávia Almeida, representante do Conselho Diocesano de Leigos, salientou que estamos unidos entorno de uma mesma bandeira de luta. “ Estamos a favor da vida, contra a morte. Esse modelo gera a morte das pessoas, da natureza, fere os princípios da dignidade humana”, relata. O ato público foi convocado pela Rede Cerrado e CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e contou com o apoio e a solidariedade de estudantes, professores, e sindicato de trabalhadores. Participaram também representantes do CAA/NM, do MST, Assembléia Popular, da ASA (Articulação no Semiárido Mineiro), MAB, MPA, Conselho Diocesano de Leigos, Pastoral do Menor, FEAB, dentre outros movimentos populares.

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Comments (2)

Contribuindo com a reflexão!!!__ __Existe um ditado chinês no terminal rodoviário de Uberlândia/MG, que diz:__ __"Quando o dedo aponta para a lua, o medíocre olha para o dedo"  __ __A questão da discussão de Belo Monte – Eternamente "volta grande"  vai muito mais além do que a construção de mais um elefante branco, é uma opção de política de governo, atendendo os interesses dos monopólios privados para a transferência de recursos públicos para a iniciativa privada e a monopolização da água e da energia. Poderiamos ainda, discutir os impactos ambientais e sociais sinérgicos, prolongados e irreversíveis no tempo e no espaço. Vejam o que está ocorrendo com os rios do Cerrado, cabeceira e nascedouro das principais bacias hidrográficas brasileiras.

Quando será o próximo???

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