O futuro da energia no retrovisor

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O Brasil precisa de energia para seguir crescendo. Mas não precisa de Belo Monte. Um estudo do Greenpeace lançado em novembro, o (R)evolução Energética, mostra que o país pode suprir suas necessidades energéticas investindo em fontes de geração renovável, como a eólica e a solar, e dispensando a construção de megahidrelétricas na região da Amazônia (Folha de São Paulo, Marcelo Furtado, 12.02.2011).
Em 2050, mostra o estudo, o Brasil pode ter uma matriz elétrica com 93% de participação de energias renováveis, eliminando completamente a geração à base de carvão, de diesel e a geração nuclear.

O cenário energético de nosso estudo custa, pasmem, R$ 88 bilhões a menos do que o proposto pelo governo para os próximos 40 anos.

Ele indica também que a aposta nas renováveis não é apenas mais barata. Ela geraria 1,2 milhão a mais de empregos e produziria seis vezes menos emissões de gases do efeito estufa em comparação aos planos da burocracia federal. Com tantas vantagens, por que ainda estamos investindo em grandes hidrelétricas na Amazônia?

A construção de Belo Monte provocará um desmatamento de 12 mil hectares, a movimentação de 230 milhões de metros cúbicos de terra -mais do que na obra do Canal do Panamá- e a abertura de 260 quilômetros de estradas no canteiro de obras. Terminada a obra, a usina obrigará ainda a remoção forçada de 20 mil pessoas.

Os efeitos negativos sobre a biodiversidade e os indígenas que dependem do rio Xingu estão evidentes na relutância do Ibama em licenciar a usina de Belo Monte.

Apesar de tantos questionamentos, Lula declarou que faria Belo Monte “na lei ou na marra”. A presidente Dilma escolheu o segundo caminho, constrangendo o Ibama a conceder uma autorização para a instalação do canteiro de uma obra que ainda está para ser licenciada.
Se, do ponto de vista socioambiental, a construção de Belo Monte tem tudo para ser um desastre, do ponto de vista econômico ela também não faz sentido.
As obras civis vão custar R$ 15,6 bilhões. Com esse número, oficial, fica difícil acreditar que o valor final do projeto será de R$ 25,8 bilhões, como recentemente anunciado. Há um ano, o valor da obra estava em R$ 19 bilhões. Não houve, nos últimos 12 meses, uma inflação capaz de justificar tamanho salto de preço.

A discussão sobre Belo Monte não é sobre a tecnologia de geração hidrelétrica, mas sobre o tamanho da obra e sua localização. O modelo proposto pelo Greenpeace dialoga com o Brasil de hoje e do futuro, propondo uma expansão da geração energética a partir de fontes como a solar, a eólica, PCH (pequenas centrais hidrelétricas) e biomassa.
Essas fontes, particularmente biomassa e a eólica, são capazes de trazer a segurança energética que o país precisa ao longo do ano, uma vez que garantem o suprimento justamente nos meses de seca, em que a geração das hidrelétricas é muito mais baixa.
Belo Monte terá geração extremamente variável ao longo do ano e vai apenas repetir esse padrão, que contribui para o deficit de energia nos meses secos, remediado com o acionamento de termelétricas movidas a combustíveis fósseis.

O Brasil tem tudo para ser a nação com a matriz elétrica mais limpa do planeta. Belo Monte é sinal de que o governo não busca o futuro.
Quer apenas perpetuar o passado, lavando as mão em relação à nossa geração e às que estão por vir.

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