Plantadores de árvore por Belo Monte foram presos em Brasilia

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Domingo dia 31 de Julho, um grupo de jovens que não concordam com a construção da usina de Belo Monte nem com o desmonte do Código Florestal Brasileiro plantaram três árvores no gramado do Congresso Nacional (copaíba, aroeira e ipê roxo, todas elas nativas do cerrado e protegidas por lei). O grupo não era grande, é verdade, mas tinha gente de todas regiões do Brasil.

Ficamos em roda quase o dia todo, cantando e dançando ao redor das mudas, e à noite, enquanto estávamos conversando com a imprensa, a Polícia do Senado (SPOL) veio de forma violenta, arrancou e matou as três mudas. Agindo assim, a SPOL cometeu um crime ambiental, por arrancar árvores nativas do cerrado protegidas por lei. Dois dos manifestantes que registravam os atos truculentos contra as árvores, foram agredido pelo policial que tentou arrancar as câmeras das mãos deles, danificando uma delas.

Segunda feira, primeiro de agosto, após dormirmos em nossos sacos de dormir na Esplanada, o tempo todo vigiados por viaturas policiais, acordamos bem e praticamos um pouco de Ioga. Passamos o dia, refletindo, fazendo música, jogando bola de meia no gramado em frente ao Congresso. Trocamos ideia; falamos de política, monocultura, cibercultura, contracultura, permacultura, sexo, drogas, rock’n roll, samba, coco, ciranda, maracatu, catira, Código Florestal, Belo Monte, 20 de agosto, liberdade, amor, respeito, e, sobretudo, Paz e Amor.

Passeamos com as mudas que ainda tínhamos conosco, demos água a elas, e até fizemos uma espécie de “marcha” com as mudas, passando em frente ao prédio cantando músicas que falam de paz e amor e improvisando refrões como:

“Vamos fazer festa pra defender floresta”
“Irmão Caiapó você não está só!”
“o Xingu é nosso irmão, devemos respeitá-lo”

A Policia Militar havia avisado que, se armássemos barracas, seriamos despejados “de um jeito bastante desagradável”. Não teve problema. Nas horas de sol alto, nos abrigávamos sob as árvores da Esplanada, À noite, nos protegíamos do frio ao redor do fogo e dormindo com os sacos de dormir juntinhos uns dos outros.

À noite, esses desconhecidos que se tornaram companheiros, esses companheiros que se tornaram amigos, esses amigos que viraram irmãos decidiam coisas em volta da fogueira. Ouvimos uns aos outros com respeito, construímos idéias juntos. Tínhamos que decidir como agir, resolvemos em consenso plantar quantas árvores fosse possível até que nos impedissem de alguma forma. E, fosse qual fosse essa forma, em hipótese alguma agiríamos com violência, pois não queremos ser como eles. Pelo contrário, estamos em Brasilia porque queremos deter a violência.

Terça feira dia 2 de agosto, começamos o dia em movimento. Um grupo voltou à delegacia da Polícia Militar para pegar o B.O. (Boletim de Ocorrência) que havíamos registrado no dia anterior contra a Polícia do Senado, pelo crime ambiental de arrancar árvores protegidas por lei (quanto às agressões, os cinegrafistas optaram por perdoar o policial). Enquanto isso, outros jardineiros da liberdade contatavam varias mídias, outros trabalhavam nas mídias alternativas (redes sociais, o blog, etc.) para divulgar que o plantio aconteceria a partir das 16 horas. Outros cuidavam da manutenção do acampamento. Outros protegiam as mudas.

Na hora combinada, jornalistas e polícias estavam presentes. Exatamente às 4h20 da tarde iniciamos a ação. Cantando, sentados em volta da muda, cavamos com as mãos. Um a um de nós. Na hora do ato, mais alguns jovens de brasília se juntaram a quem já estava ali desde domingo. Cada um ia tranquilo e reverentemente até junto da primeira muda e retirava um pouco de terra do solo. Entregamos ao solo uma jovem e simpática aroeira de espécie ameaçada de extinção. E, coletivamente, cobrimos de terra a cova da bebê aroeira.

A essa altura, estávamos cercados pelas polícias. A Militar chegou a levar um ônibus-camburão para o gramado. Sem falar ou combinar, entendemos coletivamente que, naquele momento, não ia ser a melhor idéia continuar plantando as demais mudas. Diante daquele tamanho contingente de policiais, da SPOL e PM, percebemos que tínhamos era que defender nossa irmã aroeira, essa única que já estava no solo. E não haveria de ser no grito nem na violência. Simplesmente permanecemos em círculo, sentados como indiozinhos (que alguns também chamam de posição de lotus) e em silêncio. Apenas mentalizando coisas boas, desejando ardentemente o bem e a vida (que alguns chamam de “vibrar boas energias”, outros de “oração silenciosa”, mas mesmo chamando de diversos nomes diferentes, era como se estivéssemos unidos num só Espírito).

Ao fim, fomos presos. Não resistimos à prisão. Pelo contrário, ficamos felizes, pois logo nossos irmãos policiais chegaram com quatro cones e fita zebrada e isolaram a mudinha, como quem quer preservar a cena do “crime”. Com isso, e com as lentes da imprensa em volta, pudemos ficar tranquilos que a irmã aroeira não seria assassinada e dormiria feliz em frente ao Congresso pelo menos até o dia seguinte.

O primeiro de nós que eles levaram, foi tratado com truculência: o típico procedimento de juntar vários policiais contra um, humilhar, torcer o braço, gritar no ouvido, algemar e sair puxando com força, numa tentativa de causar medo e raiva no restante do grupo. Não houve resistência, nem desistência. Permanecíamos sentados, em nosso estado de silêncio e serenidade (alguns, de olhos fechado, permaneciam em seu estado de meditação/oração).

Quando os irmãos policiais viram que mantínhamos a serenidade, desistiram do “camburônibus” e das algemas (sequer haveria algemas para todos), e passaram a pedir que nos colocássemos em fila indiana, meio que “acordando” um a um. Fizemos isso, pois a aroeira, pelo menos por hora, estava salva.

Fomos conduzidos assim para a delegacia que fica no subsolo do Senado. Foi lindo. O momento mais feliz desde o inicio do acampamento. Estávamos sendo presos por plantar uma árvore e conseguindo entrar em grupo no prédio do Parlamento. Entramos cantando nossos refrões bem alto para todo o prédio de onde sairá a decisão sobre o Código Florestal ouvisse.

No começo, os policiais que nos escoltavam tentaram pedir que nos calássemos. mas estávamos tão felizes e nos divertindo tanto que não conseguíamos. Pelo contrário, cantávamos ainda mais e mais alto. Desistiram de tentar mandar a gente ficar quieto.

Deputados de um partido de esquerda da minoria que votou contra o sucateamento do Código Florestal na Câmara vieram nos ver e ajudaram para que fôssemos liberados o mais rápido possível, a tempo de ver o maravilhoso finalzinho do pôr do Sol daquele dia.

A aroeira ainda estava lá. Viva. Pequenina, mas já grandiosa e respeitosa como aquelas que já são gigantes, centenárias, ancestrais, daquelas que parecem unir Terra e Céu (Infelizmente, devido à ação do homem, poucas aroeiras daquela chegam à idade adulta). Aroeira, símbolo de resistência no cerrado e na caatinga, como você é linda!

Depois de comemorar a prisão e a soltura, de alguns darem entrevistas, de ver o por do sol, nos reunimos ao redor do fogo em nosso acampamento. Pensávamos em ir pra casa, tomar banho, pois a missão estaria supostamente cumprida.

Mas depois pensamos: e se, na calada da noite, arrancarem a aroeira e a matassem como haviam feito com nossas outras três irmãs no domingo? E se no dia seguinte fizessem isso? Decidimos permanecer acampados defendendo-a. Para estar ao redor dela ou fotografar bem o rosto de quem viesse arrancá-la. Para no dia seguinte oficializar o pedido ao Senado para que a bebê aroeira possa permanecer no gramado do Congresso para sempre.

Outra parte do grupo foi a casas de irmãos do DF com acesso à Internet para contarmos essa História e convocarmos pela internet as pessoas a nos ajudarem a defender a aroeira e o direito que ela tem de viver, assim como também o têm cada indígena do Xingu e cada planta e animal ameaçados pelos planos ruralistas para o nosso Código Florestal.

Por isso anunciamos a campanha #FicaAroeira . Pedimos a todos os que concordam com a causa da Vida (biodiversa) que divulguem nas redes sociais, pressionem seus senadores pela permanência da vida da aroeira (e de tudo aquilo que ela significa). Pedimos reforços também para o acampamento. Reforços de pessoas dispostas a se juntar aos acampados, de ciberativistas para divulgar esse movimento plural e as bandeiras que defente. Mais instrumentos musicais, câmeras, comida (vegetariana de preferência) e modens 3G são bem-vindos.

Fica Aroeira, no gramado do senado, você é o símbolo da resistência viva, queremos você aí, em pé, como a floresta viva. Símbolo também da Liberdade, do direito de expressão, do direito de não se conformar covardemente com os abusos de poder por parte de psicopatas que parecem se sentir confortáveis mesmo sabendo que suas atitudes ameaçam a vida no planeta.

http://www.jardimparaliberdade.wordpress.com

Escrito por Um Jardim para a Liberdade do Povo

Comments (2)

O 3ºdia do Ato foi um sucesso… Chamamos a midia e plantamos uma muda de Aroeira (especie nativa do cerrado, protegida pela lei de proteção ambiental do Distrito Federal) na frente do Congresso Nacional…

Ela se encontra ate agora lá… e estamos articulando todas nossas fontes para que ela permaneça plantada nesse local para sempre…

Estamos convocando os brasilienses, principalmente os jovens e estudantes, assim como os turistas, para quando passarem perto do Congresso Nacional, doarem 15 minutos do seu precioso tempo para sentar-se ao lado da muda, com um gesto de proteção e zelo, a ela e a toda a natureza.

Queremos incentivar a visita diaria à esse patrimonio natural brasileiro, em extinção, como uma forma de visibilizar sua importância e proteção.

Abraços de Luz

Bruno Ananda

Essa Belo Monte é o símbolo da corrupção brasileira

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